quinta-feira, 25 de março de 2010

Tenho saudades de adormecer com o coração nas mãos , ouvindo o vento bater em cada esquina , tropeçar em cada pedra , descendo e subindo a berma da estrada . Tenho saudades de adormecer com a porta aberta , com o telemóvel inquieto nas mãos , com a almofada em pé e luz acesa . Tenho saudades de adormecer com as mãos frias , com os pés a tremer e lábios cheios de ti . Tenho saudades de adormecer a cantar , a ler , a estudar ou a comer . Hoje adormeço sem dar conta , carregando um nada obtuso , fechando os olhos ao mundo , não me apercebendo dos pormenores que subcarregam os meus sonhos . Já não visito a lua cada vez que uma insónia me ataca , já não consulto as estrelas cada vez que uma dúvida me sobrepõe o caminho . Já não admiro a cor do céu cada vez que a minha vida é pintada a preto e branco . As minhas noites são como um jogo onde um dado não viciado atira o futuro para cima da mesa . Nunca sei o que me irá acontecer , apenas sei que adormecerei no escuro e que no escuro nada se sabe . Tudo o que lá começa , acaba também lá . E as flores cor-de-rosa , os corações vermelhos , o mar azul e o sol amarelo ficam do lado de fora . O dado apenas julga a forma dos meus sonhos pois a cor será preto , cinzento ou branco . E amanhã também . Depois de amanhã provavelmente igual .
E no dia seguinte , deixas-me escolher ?

quero dizer que sinto-me triste , e cada vez mais desiludida com tudo e com todos

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